CINDERELA PÓS-MODERNA, de Ana Cristina Cavalcanti Tinôco

2 HORAS DA MANHÃ

TELEFONE TOCA INSISTENTE
AGULHAS EM SUA MENTE

DÁ UM PULO ASSUSTADA

DO OUTRO LADO
ELE, DESESPERADO

PROPÕE UM AMOR APRESSADO

SAÍ DE CASA DESSARUMADA
DESCABELADA, QUASE REMELADA

O ENCONTRA NO PONTO MARCADO
E SEM ABRAÇO, SEM BEIJO ESTALADO

RODAM PELA CIDADE
COMENDO ASFALTO
CORRENDO DE ASSALTO
FUMANDO UM BASEADO

NADA ROMÂNTICO
ESSE AMOR QUÂNTICO

E DEPOIS DE DESNORTEADOS
ENCONTRAM-SE
DE FATO NO ATO,
NO QUARTO CRESCENTE

DESSE AMOR INDECENTEDEMENTE, INDOLENTE

DE POUCOS PRESENTES
QUASE SEMPRE AUSENTE

NADA CONCRETO
ESSE AMOR MODERNO!

MAS, AMOR NÃO É ABSTRATO?

E DEPOIS DE TUDO CONSUMADO

CADA QUAL PRO SEU LADO
CADA QUAL PRO SEU QUARTO

CINDERELA PÓS-MODERNA

PODE ATÉ CHEGAR ATRASADA
JÁ NÃO TEM MEDO
DA BRUXA MALVADA
NEM PERDEU OS SAPATOS
APENAS TIROU-OS DOS PÉS
PARA NÃO ACORDAR
OS QUE DORMEM

MESMO APRESSADA
CUIDOU PRA NÃO PERDER
OS CALÇADOS
NÃO FAZ MAIS CASO
DE NAMORADO

JÁ NÃO ACREDITA
EM PRÍNCIPE ENCANTADO

Ana Cristina Cavalcanti Tinôco

Das ESCRITURAS SANGRADAS 2009 » que Mera...

do
ESCRITURAS SANGRADAS
Livro #2 - Ave de Arribaçã ou a Propósito de Viena e Outros Ondes...


Nesta vida mera de escrivã... Meses Vem. Meses Vãos. A Gosto para tanto. Pulsiva criatura. Impulsiva escritura. Pura escrição. Janeiros sins e nãos. Fevereiros bissextos. Bissextos sentidos. Signos repetidos. Arvora reticente palarva. Ciclos em aberto e outros sãos. Quimera sim. Lume clarão. Julho féria à fera ócio. À vera. Úmidos cílios e cios dóceis. À feira fraseia pela esquerda mão. Essa besta bela escriva verve. Por Pulsão Trans Fusão. Dias sins. Anos sóis. Luas cheias e as nada novas... Nova que oculta face. Minha-Nossa. Silentes em transparente caos-lual. Meses sins menstruação. Vis papéis vãos. Esboço d'esforço creação. Na boca do poço vão. Povo vão. Imprópria Orígenes. Idioleto em dilatação. Passa o Hades e torna-viagem... Hipocampo. Transborda à bombordo a saudade. Minha Ítaca-Natal. Esse imenso amor tão. Vis à Vis. Reflexo chão. E mares e olhos e poros. Espalho-me espantalha desta plantação. Frangalho sensação. Sentição faisão. Estilhaços e desvãos di visão - devisão. Misteria caminhos rotos e quimeras. Desta mera escrivã. Escrivã de novidade nada. Nem alguma nem dua. Agulha afiada da vontade de não ser sã. Neste mundo tão. Enfiada na cor coração. Encarnada. Sagra de cor e salteado. Zambê Reisado. Mulher maracatu. Soul Frida. Mulher bailado. Essa ruma de rima que arriba cerebral. Por esta mão esquiva a risca arisca. Cerebelo bélico. Esquerda esquina. Esquema tece no terreiro e cisca. Terreiro de palimpsestos. Incesto d'amor próprio. Esborra do cesto esbórnea. O celeiro transborda culturação. No terreiro de palimpsestos toscos que suportam impressões-inscrições... Tão, tão, tão, desta Civone escrivã.


© Civone Medeiros [c.m]


ESCRITURAS SANGRADAS - Livro #1 Toscas Fatias de Escrevinhaduras, 1999 será 're-lançado' em Outubro próximo, junto com o ESCRITURAS SANGRADAS - Livro #2 Ave de Arribaçã ou a Propósito... com poemas a partir de então até 2009... O mês já está marcado, o local também... Será no Café Salão - Nalva Melo, na Ribeira de Natal/RN. AGUARDEM!


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Blog das nArEdE.com/CivOne

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(Ouça no V&P poemas musicados por Luiz Gadelha e Esso Alencar!)

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(Varieté!)
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Postado no Escrituras Sangradas de Civone Medeiros em 7/15/2009